terça-feira, 10 de setembro de 2013

Palestra: "Fahrenheit 9/11 - entre a imagem política e a política da imagem"


Prezados amigos,

No dia 11 de setembro, quarta-feira, às 14hs. farei palestra sobre o filme "FAHRENHEIT 9/11" de Michael Moore.

Primeiramente, teremos a exibição do filme e, logo em seguida, farei minhas considerações. A palestra será realizada na Faculdade de Direito do Mackenzie. É uma iniciativa conjunta do C.A. João Mendes Jr. e do LADIFILA (Laboratório de Direito, Filosofia e Arte).

O título provisório da palestra é: "Fahrenheit 9/11 - entre a imagem política e a política da imagem".

Convido todos que tiverem disponibilidade. Será uma boa ocasião para batermos um papo sobre as relações entre política e arte.

Abraços!

domingo, 8 de setembro de 2013

Direito e Educação - Reflexões Críticas para uma Perspectiva Interdisciplinar


Direito e Educação - Reflexões Críticas para uma perspectiva interdisciplinarSão Paulo: Editora Saraiva, 2013.

Organização: Rodrigo Suzuki Cintra e Daniella Basso Batista Pinto

Direito e Educação - Reflexões Críticas Para Uma Perspectiva Interdisciplinar - Rodrigo Suzuki Cintra, Daniella Basso Batista Pinto (8502204696)

4ª CAPA:

Não é por outro motivo que o título deste livro, Direito e Educação, que ora o leitor tem em mãos, tem como subtítulo reflexões críticas para uma perspectiva interdisciplinar. De fato, segundo a concepção desta obra, não se separa reflexão de crítica. O pensamento está a serviço de uma exigência de superação da barbárie, das injustiças sociais e da luta contra qualquer forma de opressão e preconceito. Aprender é um ato de liberdade.

AUTORES:

Antonio Isidoro Piacentin
Daniel Francisco Nagao Menezes
Daniella Basso Batista Pinto
Gisele Meirelles Fonseca Inacarato
João Paulo Orsini Martinelli
Léa Fernandes Viana Leal
Regina Célia Pedroso
Rodrigo Suzuki Cintra


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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

200 Filmes Essenciais - por Rodrigo Suzuki Cintra



Toda lista de filmes tem limitações. Procurei, inicialmente, elencar cem filmes essenciais para uma boa conversa sobre cinema. Não consegui. Resolvi, então, fazer uma lista com duzentos filmes. Muitos filmes importantes ainda ficaram de fora e a escolha por um determinado filme obedece, em geral, primeiramente, critérios pessoais de gosto, depois, à relevância do filme para a história do cinema e à consulta aos críticos especializados. É preciso alertar o leitor para que não se importe com a ordem em que os filmes são elencados. A verdade é que esta ordem é, em muitos sentidos, aleatória e, se assim não fosse, seria passível de severas objeções. A melhor maneira de usar esta lista é como um guia, um conjunto de sugestões para quem quer estudar o cinema ou se entreter. Seja qual for o objetivo de quem eventualmente seguir esta lista, nossa pretensão é a mesma: boa sessão!


1. Cidadão Kane  – Orson Welles
2. A Grande Ilusão – Jean Renoir
3. Um Corpo que Cai   –Alfred Hitchcock
4. 8 1/2  – Federico Fellini
5. O Encouraçado Potemkin – Sergei Eisenstein
6. 2001 -– Uma Odisséia no Espaço  – Stanley Kubrick
7. Apocalipse Now  –Francis Ford Coppola
8. Casablanca  – Michael Curtiz
9. Blow Up - Depois daquele Beijo – Michelangelo Antonioni
10. Tempos Modernos – Charles Chaplin
11. F for Fake – Orson Welles
12. O Leopardo – Luchino Visconti
13. Os Sete Samurais – Akira Kurosawa
14. Acossado – Jean-Luc Godard
15. O Nascimento de uma Nação – D. W. Griffith
16. Rastros de Ódio – John Ford
17. Dr. Fantástico – Stanley Kubrick
18. O Poderoso Chefão (a série) – Francis Ford Coppola
19. O Processo – Orson Welles
20. Laranja Mecânica – Stanley Kubrick
21. Morte em Veneza – Luchino Visconti
22. Taxi Driver – Martin Scorsese
23. Blade Runner – O Caçador de Andróides – Ridley Scott
24. Cinema Paradiso – Giuseppe Tornatore
25. A Regra do Jogo – Jean Renoir
26. Cães de Aluguel – Quentin Tarantino
27. A Aventura – Michelangelo Antonioni
28. Noiva Neurótica, Noivo Nervoso – Woody Allen
29. Pulp Fiction – Tempo de Violência – Quentin Tarantino
30. Tudo sobre minha Mãe – Pedro Almodóvar
31. Amor à Flor da Pele – Wong Kar Wai
32. Hiroshima, meu Amor – Alain Resnais
33. O Ano Passado em Marienbad – Alain Resnais
34. Brazil – O filme – Terry Gilliam
35. Um Cão Andaluz – Luis Buñuel
36. Sem Destino – Dennis Hopper e Peter Fonda
37. Dogville – Lars Von Trier
38. Dançando no Escuro – Lars Von Trier
39. O Império dos Sentidos – Nagisa Oshima
40. Encurralado – Steven Spielberg
41. Teorema – Píer Paolo Pasolini
42. A Mulher do Lado – François Truffaut
43. Trainspotting – Sem Limites – Danny Boyle
44. Zatoichi – Takeshi Kitano
45. Lavoura Arcaica – Luiz Fernando Carvalho
46. O Inquilino – Roman Polanski
47. Testemunha de Acusação – Billy Wilder
48. Chinatown – Roman Polanski
49. O Boulevard do Crime – Marcel Carné
50. O Último Tango em Paris – Bernardo Bertolucci
51. O Sétimo Selo – Ingmar Bergman
52. Do Mundo nada se Leva – Frank Capra
53. Ladrões de Bicicleta – Vittorio de Sica
54. A Comilança – Marco Ferreri
55. O Homem que Matou Fascínora – John Ford
56. Metrópolis – Fritz Lang
57. Era uma Vez no Oeste – Sergio Leone
58. O Falcão Maltês (Relíquia Macabra) – John Huston
59. M., O Vampiro de Düsseldorf – Fritz Lang
60. Deus e o Diabo na Terra do Sol – Glauber Rocha
61. Intriga Internacional – Alfred Hitchcock
62. Ser ou não Ser – Ernst Lubitsch
63. Nosferatu – F. W. Murnau
64. Perdas e Danos – Louis Malle
65. Solaris – Andrei Tarkovsky
66. Roma, Cidade Aberta – Roberto Rosselini
67. Vidas Secas – Nelson Pereira dos Santos
68. O Jantar –Ettore Scola
69. O Anjo Azul – Josef Von Sternberg
70. O Bandido da Luz Vermelha – Rogério Sgarnzela
71. O Veludo Azul – David Lynch
72. Gêmeos – Mórbida Semelhança – David Cronenberg
73. As Coisas Simples da Vida – Edward Yang
74. Vanilla Sky – Alejandro Amenábar
75. O Picolino – Mark Sandrich
76. O Morro dos Ventos Uivantes – Willian Wyler
77. A nós a Liberdade – René Clair
78. O Desprezo – Jean-Luc Godard
79. Asas do Desejo – Wim Wenders
80. Depois da Vida – Kirokazu Kore-Eda
81. A Hora do Show – Spike Lee
82. Zelig – Woody Allen
83. Amacord – Federico Fellini
84. Cantando na Chuva – Gene Kelly e Stanley Donen
85. Crepúsculo dos Deuses – Billy Wilder
86. O Discreto Charme da Burguesia – Luis Buñuel
87. A Doce Vida – Federico Fellini
88. Era uma Vez na América – Sergio Leone
89. Era uma Vez em Tóquio – Yasujiro Ozu
90. O Gabinete do Dr. Caligari – Robert Wiene
91. Gilda – Charles Vidor
92. Pickpocket – Robert Bresson
93. Janela Indiscreta – Alfred Hitchcock
94. A Noite – Michelangelo Antonioni
95. Limite – Mário Peixoto
96. Luzes da Cidade – Charles Chaplin
97. A Lista de Schindler – Steven Spielberg
98. A Malvada – Joseph Mankiewicz
99. O Mensageiro do Diabo – Charles Laughton
100. Quanto mais Quente Melhor – Billy Wilder
101. A Primeira Noite de um Homem – Mike Nichols
102. Rocco e seus Irmãos – Luchino Visconti
103. O Terceiro Homem – Carol Reed
104. Terra em Transe  - Glauber Rocha
105. Touro Indomável – Martin Scorsese
106. Em Busca do Ouro – Charles Chaplin
107. O Grande Ditador – Charles Chaplin
108. O Amigo Americano – Wim Wenders
109. Manhattan – Woody Allen
110. O Decálogo – Krzysztof Kielowski
111. Desconstruindo Harry – Woody Allen
112. A Felicidade não se Compra – Frank Capra
113. O Bebê Santo de Mancon – Peter Greenaway
114. Othello – Orson Welles
115. O Pianista – Roman Polanski
116. Pacto de Sangue – Billy Wilder
117. A Loja da Esquina – Ernst Lubitsh
118. Psicose – Alfred Hitchcock
119. O Incrível Exército de Brancaleone – Mario Monicelli
120. Meus Caros Amigos – Mario Monicelli
121. O Quinteto Irreverente – Mario Monicelli
122. Os Bons Companheiros – Martin Scorsese
123. As Invasões Bárbaras – Denys Arcand
124. Um só Pecado – François Truffaut
125. A Sereia do Mississipi – François Truffaut
126. Os Incompreendidos – François Truffaut
127. Jules e Jim – Uma Mulher para Dois – François Truffaut
128. Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes – Guy Ritchie
129. O Sol é Para Todos – Robert Mulligan
130. A Festa de Babette – Gabriel Axel
131. Quem tem Medo de Virginia Woolf? – Mike Nichols
132. Tarde Demais para Esquecer – Leo McCarey
133. Golpe de Mestre – George Roy Hill
134. Fale com Ela – Pedro Almodóvar
135. Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos – Pedro Almodóvar
136. Short Cuts – Cenas da Vida – Robert Altman
137. Mar Adentro – Alejandro Amenábar
138. Os Intocáveis – Brian de Palma
139. Magnólia – Paul Thomas Anderson
140. Lawrence da Arábia – David Lean
141. Profissão: Repórter – Michelangelo Antonioni
142. Persona – Ingmar Bergman
143. Uma Simples Formalidade – Giuseppe Tornatore
144. Os Sonhadores – Bernardo Bertolucci
145. Underground – Mentiras de Guerra – Emir Kusturica
146. O Anjo Exterminador – Luis Buñuel
147. A Bela da Tarde – Luis Buñuel
148. Perfume de Mulher – Martin Brest
149. Adeus minha Concubina – Kaige Chen
150. Sob os Tetos de Paris – René Clair
151. O Sexto Sentido – M. Night Shyamalan
152. O Salário do Medo – Henri-Georges Clouzot
153. Gosto de Sangue – Joel e Ethan Coen
154. ExIsTenZ – David Cronenberg
155. “Trilogia das Cores” – Kryztof Kielowski
156. Cisne Negro – Darren Aronofsky
157. Os Imperdoáveis – Clint Eastwood
158. Bonequinha de Luxo – Blake Edwards
159. Clube da Luta – David Fincher
160. Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças – Michel Gondry
161. No Tempo das Diligências – John Ford
162. Um Estranho no Ninho – Milos Forman
163. Viver a Vida – Jean-Luc Godard
164. Fitzcarraldo – Werner Herzog
165. Babel – Alejandro González Iñarritu
166. Memórias do Subdesenvolvimento – Tomás Alea Gutiérrez
167. Minha Vida de Cachorro – Lasse Hallström
168. Scarface, a Vergonha de uma Nação – Howard Hawks
169. Rio Vermelho – Howard Hawks
170. À Beira do Abismo – Howard Hawks
171. O Diabo Riu por Último – John Huston
172. Ghost Dog – Matador Implacável – Jim Jarmusch
173. Hamlet – Kenneth Branagh
174. Amnésia – Christopher Nolan
175. Uma Rua Chamada Pecado – Elia Kazan
176. Sindicato de Ladrões – Elia Kazan
177. A General – Buster Keaton
178. Através das Oliveiras – Abbas Kiarostami
179. Rashomon – Akira Kurosawa
180. Ran – Akira Kurosawa
181. O Tigre e o Dragão -  Ang Lee
182. Faça a Coisa Certa – Spike Lee
183. Três Homens em Conflito – Sergio Leone
184. Doze Homens e uma Sentença – Sidney Lumet
185. Cidade dos Sonhos – David Lynch
186. Trilogia da Vingança” – Cha-Wook Park
187. Tiros em Columbine – Michael Moore
188. A Última Gargalhada – F. W. Murnau
189. O Julgamento em Nuremberg – Stanley Kramer
190. Anatomia de um Crime – Otto Preminger
191. Butch Cassidy e Sundance Kid – George Roy Hill
192. A Origem – Christopher Nolan
193. Um Sonho de Liberdade – Frank Darabont
194. Nenhum a menos – Zhang Yimou
195. Arca Russa – Aleksandr Sokurov
196. Réquiem para um Sonho – Darren Aronofsky
197. Sete Homens e um Destino – John Sturges
198. Stalker – Andrei Tarkovsky
199. Sinédoque, Nova Iorque    Charlie Kaufman
200. Waking Life – Richard Linklater



quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Citação do Mês - Ago/2013


"apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que depois
de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme" - Paulo Leminski

domingo, 4 de agosto de 2013

Tradução - Poema de William Blake


O Tygre
         Tradução: Rodrigo Suzuki Cintra


Tygre! Tygre! brilho queimando
Nas florestas da noite adentrando,
Que mão ou olho imortal poderia
Moldar tua temível symetrya?

Em que abismos ou céus distantes
Ardiam o fogo de teus olhos flamantes?
Em que asas ousou ele voar?
Que mão ousou o fogo atear?

E que ombros, & que arte,
Poderia um coração como o teu moldar-te?
E quando começou a bater teu coração,
Que terrível pé? & que terrível mão?

Que martelo? Que corrente?
Qual fornalha fundiu tua mente?
Em que bigorna? Que pegada do horror
Ousou agarrar mortalmente tua sanha de terror?

Quando as estrelas jogaram suas lanças fora,
E inundaram o céu com lágrimas de quem chora,
Será que ele sorriu ao que inventou?
Será que aquele que criou o Cordeiro também te criou?

Tygre! Tygre! brilho queimando
Nas florestas da noite adentrando,
Que mão ou olho imortal ousaria
Moldar tua temível symetrya?


The Tyger   
         William Blake

Tyger! Tyger! burning bright
In the forests of the night,
What immortal hand or eye
Could frame thy fearful symmetry?

In what distant deeps or skies
Burnt the fire of thine eyes?
On what wings dare he aspire?
What the hand dare sieze the fire?

And what shoulder, &what art,
Could twist the sinews of thy heart?
And when thy heart began to beat,
What dread hand? & what dread feet?

What the hammer? what the chain?
In what furnace was thy brain?
What the anvil? what dread grasp
Dare its deadly terrors clasp?

When the stars threw down their spears,
And water’d heaven with their tears,
Did he smile his work to see?
Did he who made the Lamb make thee?

Tyger! Tyger! burning bright
In the forests of the night,
What immortal hand or eye

Dare frame thy fearful symmetry?  

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Mulheres Invisíveis: Karina


Karina

 

Completamente neurastênica. Insuportável olhar. Significados perdidos. Quase sinestésica. Muito impulsiva. Tanto vulgar. Menos inteligente. Talvez esquecida. Às vezes castanho. Quem sabe rugas. Abrupta fala. Um dia raiva. Toda fugaz. Porque vermelho. De vez em quando brinquedo. Possível fraude. Mania mania. Lugar avenida. Sempre obstante. Pudera café. Entre os dentes. Macia carne. Secura baba. Até longe. Medida trinta e sete e meio. Nada mais. Veloz ceticismo. Ainda que banho. Manhã de cigarro. Sentimento de tudo. Paranoia de vez. Verso quarteto. Sintoma o azar. Como que estrias. Dinheiro da sobra. Troco de banhas. Tritura papel. Mesmo carbono. Assim um não dia. Mais que querendo. Beija espelhos. Antigamente depois. Bonecas sem pernas. Dessas ainda assim. Memória a criança. Surpreende o padrasto. Cantando para dentro. Escondida enfim. Pega a pega. Alcança lonjura. Grita caminho. Aquele doce é de alguém. Ciumenta da vida. De outra que corre. Às vezes de volta. Simétrica hora. Subdivide espaços. Estilhaça o mesmo. Meio do meio. Partícula cada. Outra reluz. Possivelmente que quase. Ela reflete. Si mesma coisa. Se talvez. E ela se quebra. Vai se quebrando. Ligeiramente fractal.

 

segunda-feira, 11 de março de 2013

Peggy Lee - Black Coffee: nada a declarar.

 
 
 




"I'm moody all the morning
Mourning all the night
And in between it's nicotine
And not much hard to fight
Black Coffee
Feelin' low as the ground
It's driving me crazy just waiting for my baby
To maybe come around"

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Tradução - Poema de T. S. Eliot


O Nome dos Gatos
                   Tradução: Rodrigo Suzuki Cintra

Dar nome aos gatos é assunto complicado,
   Não é apenas um jogo que divirta adolescentes;
Podem pensar, à primeira vista, que sou doido desvairado
Quando eu digo, um gato deve ter TRÊS NOMES DIFERENTES.
Primeiro, temos o nome que a família usa diariamente,
   Como Pedro, Augusto, Alonso ou Zé Maria,
Como Vitor ou Jonas, Jorge ou Gui Clemente –
   Todos nomes sensíveis para o dia-a-dia.
Há nomes mais requintados se pensam que podem soar melhor,
   Alguns para os cavalheiros, outros para titia:
Como Platão, Demetrius, Electra ou Eleonor –
   Mas todos eles são sensíveis nomes de todo dia.
Mas eu digo, um gato precisa ter um nome que é particular,
   Um nome que lhe é peculiar, e que muito o dignifica,
De outro modo, como poderia manter sua cauda perpendicular,
   Ou espreguiçar os bigodes, orgulhar-se de sua estica?
Dos nomes deste tipo, posso oferecer um quórum,
   Como Munkustrap, Quaxo, ou Coricopato,
Como Bombalurina, ou mesmo Jellylorum –
   Nomes que nunca pertencem a mais de um gato.
Mas, acima e para além, ainda existe um nome a suprir,
   E este é o nome que você jamais cogitaria;
O nome que nenhuma investigação humana pode descobrir –
   Mas O GATO E SOMENTE ELE SABE, e nunca o confessaria.
Se um gato for surpreendido com um olhar de meditação,
   A razão, eu lhe digo, é sempre a mesma que o consome:
Sua mente está engajada em uma rápida contemplação
   De lembrar, de lembrar, de lembrar qual é o seu nome:
       Seu inefável afável
       Inefavefável
Oculto, inescrutável e singular Nome.


The Naming of Cats
                   T. S. Eliot

The Naming of Cats is a difficult matter,
    It isn’t just one of your holiday games;
You may think at first I’m as mad as a hatter
When I tell you, a cat must have THREE DIFFERENT NAMES.
First of all, there’s the name that the family use daily,
   Such as Peter, Augustus, Alonzo or James, 
Such as Victor or Jonathan, George or Bill Bailey –
    All of them sensible everyday names.
There are fancier names if you think they sound sweeter,
   Some for the gentlemen, some for the dames:
Such as Plato, Admetus, Electra, Demeter –
   But all of them sensible everyday names.
But I tell you, a cat needs a name that’s particular,
   A name that’s peculiar, and more dignified,
Else how can he keep up his tail perpendicular,
   Or spread out his whiskers, or cherish his pride?
Of names of this kind, I can give you a quorum,
   Such as Munkustrap, Quaxo, or Coricopat,
Such as Bombalurina, or else Jellylorum –
   Names that never belong to more than one cat.
But above and beyond there’s still one name left over,
   And that is the name that you never will guess;
The name that no human research can discover –
   But THE CAT HIMSELF KNOWS, and will never confess.
When you notice a cat in profound meditation,
   The reason, I tell you, is always the same:
His mind is engaged in a rapt contemplation
   Of the thought, of the thought, of the thought of his name:
      His ineffable effable
      Effanineffable
Deep and inscrutable singular Name.



segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Muito além do "modismo": quem confunde as palavras, confunde as coisas


RESPOSTA DO COLETIVO ZAGAIA A PEDRO POMAR ENCAMINHADA PARA O BRASIL DE FATO E CAROS AMIGOS 


Prezado Pedro Pomar
Gostaríamos, antes de tudo, de aceitar o seu convite e nos apresentar para evitar qualquer espécie de acusação de que não assumimos nossos próprios riscos. O núcleo do Coletivo Zagaia é composto por Rodrigo Suzuki Cintra, Silvio Carneiro, Thiago Mendonça, Selito SD, Leonardo França e Leandro Safatle entre outros nomes que participam do coletivo e que se não aparecem aqui é apenas por economia de espaço, pois compartilham das mesmas inquietações destes que ora assinam este artigo. Ressaltamos que na página da Revista Zagaia (www.zagaiaemrevista.com.br) sempre foi possível identificar os seus membros e convidamos tanto o senhor como os demais leitores a visitar a Revista e nosso Blog, de modo a poder conhecer o nosso trabalho.
Portanto, a insinuação de que nosso artigo era despersonalizado, de fato, não procede. E a acusação de que nos escondemos “atrás da fachada de um grupo desconhecido, o Zagaia, que se diz parte de um grupo maior, o Cordão da Mentira” é, para dizer no mínimo, fantasiosa. Se assinamos em nome do coletivo é porque todos nós concordamos com os argumentos e com a tomada de posicionamento que ali escrevemos.
Talvez seja o caso de dizer, no entanto, que nos entristece ver sua posição em relação à ideia de coletivo como algo despersonalizado. Ao contrário, acreditamos que empreender lutas coletivas é fundamental para a transformação da sociedade, transformação que sempre se renova em suas demandas. Se há despersonalização no cotidiano ela não é fruto das lutas coletivas, mas do individualismo atroz e da falta do debate de ideias.
É preciso ressaltar, porém, que este não reconhecimento do coletivo como modo legítimo de se manifestar é sintomático. Ao questionar os motivos de não assinarmos com nossos nomes e sugerir que não teríamos coragem de mostrar a nossa cara, o senhor acaba por reiterar dois dos equívocos centrais desta polêmica. Em primeiro lugar, acaba por reduzir nosso texto a uma discordância de caráter pessoal, como se nossa intenção fosse atacar a sua pessoa acima de tudo. O que não é verdade, na medida em que nos sentimos confortáveis em dizer que o antagonismo era fundamentalmente em relação ao posicionamento tomado pelo senhor ao escrever o artigo “Um modismo equivocado”. Ou seja, o senhor diminuiu a polêmica a um debate personalizado, sentiu a crítica de uma maneira muito pessoal, quando, na verdade, o que importa (ao menos para nós) é discutir a desqualificação do conceito civil‐militar como modismo. Mas, para além disso, há outros equívocos a serem delineados.
O equívoco do poder
Não se trata, portanto, de tomar partido de um senhor “arcano” ou de “determinados jovens“ como o senhor escreve, mas de sustentar esta ou aquela postura em relação ao entendimento do verdadeiro significado da ditadura civil‐militar, mais precisamente, sobre seus participantes. Este ponto, curiosamente, foi deixado de lado em sua última resposta. Mas podemos aqui recordar.
Primeiramente, quando em seu artigo “Modismo Equivocado” o senhor assinala que: “Embora todos nós da esquerda (sic) saibamos da participação civil tanto no golpe de 1964 (…) como no regime que dele se originou, também entendíamos perfeitamente que quem mandou de fato, quem exerceu o poder político, foi o Alto Comando das Forças Armadas”. Em nossa resposta, argumentávamos que esta seria uma concepção equivocada de poder, pois contraditória: afinal, Pedro, os civis participaram ou não? Como eles participaram? O problema de seu conceito de poder está no sentido de afirmar que quem manda é apenas quem o detém formalmente. Sabemos, hoje, que a rede de poderes é mais complexa do que identificarmos quem assina e quem obedece. O que as recentes descobertas da historiografia latinoamericana vêm revelando é que havia um jogo entre as partes civis e militares, para além da soberania de um dos polos. Carlos Fonteles, integrante da Comissão da Verdade, revelou, dias depois de publicarmos nossa resposta ao seu texto, um documento oficial que relaciona a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) à produção de armas para o movimento que derrubou o presidente João Goulart, em 1964. Citando relatório confidencial do SNI diz que o órgão civil teve a função de “fornecimento de armas e equipamentos militares aos revolucionários paulistas”. Portanto, desde o início, ninguém foi deixado de lado na farra da ditadura: civis e militares usaram as armas que tinham a seu alcance para derrubar toda sombra de mudança sobre o status quo.
Neste sentido, o seu argumento de que estaríamos eclipsando o campo militar no conceito “ditadura civil‐militar” é, no mínimo, falacioso. Em nossa resposta não deixamos de lado a violência militar, mas insistimos em lembrar que estavam associados até a medula aos desmandos civis. Enfim, os dois polos da equação devem ser devidamente julgados e condenados aos olhos da história.
Decerto, o senhor poderia argumentar que também não deixa de lado isso. Conforme seu artigo: “É preciso sim identificar os grandes empresários e a oligarquia que financiaram e inspiraram o golpe militar e a repressão política. Os cúmplices civis dos governos militares, os apoiadores dentro e fora da mídia. Queremos sim sua punição! Mas deimediato deve‐se identificar e punir aqueles que foram a sua guarda pretoriana, que cometeram crimes de sangue em favor do regime. Que perseguiram, trucidaram, executaram covardemente, ocultaram e destruíram corpos”. Grifamos o “imediato” pois aqui mora o que caracterizamos “peleguismo” (o que não era uma crítica à sua pessoa, mas à sua posição em relação ao fato). Não se trata de preconceito ou ódio de nossa parte, muito menos de frenesi digital, mas de colocar sob regime de suspeita tal afirmação: um ato salutar no pensamento e na ação.
Ora, seu artigo foi escrito em plena aurora da Comissão de Verdade (agosto deste ano). Portanto, não é uma peça ingênua, e procura, ao que parece, representar uma posição na ordem das investigações do comitê. Ora, por que esta ordem? Por que, primeiro investigar os militares e depois os civis, ou se ater ao primeiro grupo? Não nos venha com a conversa de que estamos querendo ocultar os militares na neblina civil, ou que estamos prestando um desserviço, por favor! Nossa suspeita, é que esta insistência acabe por fazer justamente o contrário: ao destacar os militares, satisfaça o gozo civil – e navegue tudo como d’antes no quartel de Abrantes. Deixar para amanhã o julgamento dos civis responsáveis pela barbárie é, a nosso ver, omitir‐se em relação à história. Como se o fato de financiarem torturas e assassinatos fosse secundário diante de quem as realizou. Como se desconhecêssemos como funciona a justiça e o gozo com seus bodes expiatórios. A querela entre nós parte daí.
Portanto, não é um desserviço tratar a ditadura como civil‐militar, é clamar por uma memória ampla e irrestrita dos seus crimes e criminosos. Talvez mais: retirar do imaginário popular a ideia de que a ditadura fora apenas militar. Mostrar que o sr. Marinho tem, sim, tudo a ver com o que acontecia ali; de que os Frias forneceram veículos do seu jornal para atitudes nefastas do poder, de que o sr. Boilesen da Ultragás refestelava‐se com sessões de tortura, de que a TFP foi um braço civil importante para o discurso da moral e dos bons costumes. E se, porventura, os civis foram deixados de lado pelos militares a certa altura – como você afirma em seu artigo “Modismo” ‐ nada impediu que voltassem com força total pela porta dos fundos da anistia (ou mesmo antes dela, uma vez que a anistia não é nenhum milagre jurídico, mas o resultado de acordo entre as forças militares e civis no poder). A ditadura apenas “militar” oculta tudo isso e deixa o presente nebuloso e a perversão civil, muito bem, obrigado. Eis, ao nosso ver, o desserviço de sua estratégia. Eis o que nos forçou a reagir ao seu artigo.
O equívoco da tradição
O segundo equívoco pode ser percebido logo na enunciação inicial de seu segundo texto: “Tenho 55 anos de idade e milito na esquerda há mais de 30.” Não é novidade que muitos militantes da esquerda e da direita utilizem‐se de argumentos de autoridade para sustentar sua posição ‐ o que a Zagaia desconsidera de pronto. É só que ao usar tal instrumento retórico, se reafirma, mais uma vez, o que criticamos: o uso da ideia de tradição como recurso autoritário para sedimentar maus entendidos sobre o passado.
Mais ainda, trata‐se de uma estratégia de esquiva que, ao primeiro golpe, apela aos sentimentos privados no cenário público. Artifício comum nos debates públicos atuais que, ao primeiro sinal de controvérsia, leva ao território obtuso da cordialidade e da esfera privada. Quando vamos nos livrar disso? Tudo se passa como se sua acusação de “modismo” não fosse violenta, como se não atacasse os grupos que vêm construindo esta perspectiva há anos, e sua critica fosse a mais genérica e abstrata possível! Nesta estratégia desconsidera a luta de diversos grupos importantes como a Rede Dois de Outubro, Mães de Maio, Cordão da Mentira, e também o nosso “grupo de fachada” Coletivo Zagaia. Grupos para os quais é fundamental estabelecer os laços de continuidade entre o passado e o presente.
Ao tratar o conceito civil‐militar como uma moda da estação, acaba por afirmar sua posição autoritariamente (aparentemente embasado em outros historiadores respeitáveis e em um tal de “tradição oral popular”). Prefere afirmar o imaginário equivocado que apreendemos nos grandes meios de comunicação (estes também braços civis da ditadura) do que repensar o seu conceito.
A confusão não poderia ficar mais clara no fim de sua própria resposta. O senhor chama de lixo literário (a mesma categoria que o crítico literário Zé Serra se valeu para caracterizar a Privataria Tucana) nosso artigo. De fato, preferimos a honesta crítica dos botequins. Sustenta que escrevemos contra a sua pessoa e não contra seus argumentos, e com este recurso se isenta de responder nossas críticas. Arremata: “Vamos ver, nos próximos anos, o que o “movimento histórico” dirá de tal irresponsabilidade e de tamanha falta de princípios.” Qual teria sido, exatamente, a nossa irresponsabilidade, então? Seria, apenas, a de ter contrariado suas ideias? É isso que o “movimento histórico” ensinará? Contrariar os “arcanos” não é bom negócio?
E confessamos que recebemos com estranheza o questionamento descomedido sobre nossas identidades (“Não têm coragem de mostrar a cara?”; ou ainda: “assumam publicamente o teor da carta publicada. Identifiquem‐se como autores perante os leitores.”). Ninguém na Zagaia se esconde do que faz ou escreve, participamos de diversos fóruns e discussões públicos, militamos em diversas frentes seja no âmbito da política, seja no âmbito da estética (esferas que não se dissociam para nós), mas o pedido para mostrarmos a cara lembrou um pouco aquelas investigações policialescas de quem quer saber quem é o efetivo culpado pelo crime, para, depois, puni‐lo exemplarmente. Vivemos numa democratura Pedro, basta uma rápida procura na internet para que nossas identidades venham à tona. Não somos, ainda, uma guerrilha (apesar de termos muita simpatia pelos antigos guerrilheiros).
Por fim, não se trata, é claro, apenas de um conflito geracional como o senhor sugere ao fim de seu artigo em resposta a nossas inquietações. Muitos de sua geração compartilham conosco o posicionamento de que a expressão “ditadura civil‐militar” é mais precisa para designar o que realmente aconteceu no Brasil dos anos de chumbo. É bom lembrar que não estamos sozinhos neste entendimento. Um historiador que respeitamos muito, Daniel Aarão Reis, publicou este ano um texto em que defendia idéias muito semelhantes às nossas: “são interessados na memória atual as lideranças e entidades civis que apoiaram a ditadura. Se ela foi “apenas” militar, todas elas passam para o campo das oposições. Desde sempre. Desaparecem os civis que se beneficiaram do regime ditatorial. Os que financiaram a máquina repressiva. Os que celebraram os atos de exceção. O mesmo se pode dizer dos segmentos sociais que, em algum momento, apoiaram a ditadura. E dos que defendem a ideia não demonstrada, mas assumida como verdade, de que a maioria das pessoas sempre fora — e foi — contra a ditadura. Por essas razões é injusto dizer — outro lugar comum — que o povo não tem memória. Ao contrário, a história atual está saturada de memória. Seletiva e conveniente, como toda memória.” Alípio Freire, jornalista e ex‐integrante da ala Vermelha, defende, com especial precisão e senso crítico: “Chamar o golpe só de militar camufla a questão de classe. Foi uma ditadura civil militar. É uma questão capital‐trabalho.”
O verdadeiro sentido de nossa época, ao procurar nas ruas (através do Cordão da Mentira e dos escrachos e esculachos) ou através das comissões da verdade e justiça, desvelar o que estava acobertado pelo tempo, é justamente ressignificar o que sempre se pensou de maneira tradicional. Nesse sentido, acreditamos que os usos de linguagem denunciam, profundamente, o que se entende pelo período que se quer caracterizar. A alteração da expressão “ditadura militar” para “ditadura civil‐militar” não é, assim, aleatória e parece, sim, responder aos anseios do “movimento histórico”: revisitar o passado para compreendê‐lo melhor tendo em vista a identificação de suas estruturas no presente e a construção de um futuro livre, onde a verdade possa ser conhecida por todos. Este é o real sentido de nossa atual luta pela democracia.

Coletivo Zagaia