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sábado, 13 de agosto de 2022

Um Sonho dentro de um Sonho - E. A. Poe (Tradução)

 

Um sonho dentro de um sonho

                                   Edgar Allan Poe

 

Receba este beijo em tua fronte!

Partirei rumo a um novo horizonte,

Mas confesso: olhos nos olhos defronte –

Não erra quem proclama que disponho

Os meus dias como se fossem um sonho;

Se a esperança não tem mais serventia,

Seja de noite ou mesmo de dia,

Uma visão real ou talvez nenhuma,

Será que tudo não passa de bruma?

Tudo que vejo, sou ou suponho

É apenas um sonho dentro de um sonho.

 

Fico parado como que perdido

Em uma praia qualquer sem sentido,

E seguro firme dentro da mão

Um punhado de areia que peguei do chão –

Poucos grãos! Ainda assim, me atormento

Pois pelos dedos fogem, não tenho alento,

Enquanto lamento – enquanto lamento!

Oh Deus! Será que não consigo conter

Nem um único pedrisco sem sofrer?

Oh Deus! Será que não consigo salvar

Um ao menos da fúria do mar?

Será que tudo que vejo, sou ou suponho

É apenas um sonho dentro de um sonho?

 


 

A dream within a dream

                        Edgar Allan Poe

 

Take this kiss upon the brow!

And, in parting from you now,

Thus much let me avow –

You are not wrong, who deem

That my days have been a dream;

Yet if hope has flown away

In a night, or in a day,

In a vision, or in none,

Is it therefore the less gone?

All that we see or seem

Is but a dream within a dream.

 

I stand amid the roar

Of a surf-tormented shore,

And I hold within my hand

Grains of the golden sand –

How few! yet how they creep

Through my fingers to the deep,

While I weep – while I weep!

O God! can I not grasp

Them with a tighter clasp?

O God! can I not save

One from the pitiless wave?

Is all that we see or seem

But a dream within a dream?

 


domingo, 3 de março de 2019

Tradução: Poema de E. A. Poe



Um sonho dentro de um sonho
                                   Poema: E. A. Poe
                                   Tradução: Rodrigo Suzuki 





Receba este beijo em tua fronte!
Partirei rumo a um novo horizonte,
Mas confesso: olhos nos olhos defronte –
Não erra quem proclama que disponho
Os meus dias como se fossem um sonho;
Se a esperança não tem mais serventia,
Seja de noite ou mesmo de dia,
Uma visão real ou talvez nenhuma,
Será que tudo não passa de bruma?
Tudo que vejo, sou ou suponho
É apenas um sonho dentro de um sonho.

Fico parado como que perdido
Em uma praia qualquer sem sentido,
E seguro firme dentro da mão
Um punhado de areia que peguei do chão –
Poucos grãos! Ainda assim, me atormento
Pois pelos dedos fogem, não tenho alento,
Enquanto lamento – enquanto lamento!
Oh Deus! Será que não consigo conter
Nem um único pedrisco sem sofrer?
Oh Deus! Será que não consigo salvar
Um ao menos da fúria do mar?
Será que tudo que vejo, sou ou suponho
É apenas um sonho dentro de um sonho?




A dream within a dream
                        Edgar Allan Poe

Take this kiss upon the brow!
And, in parting from you now,
Thus much let me avow –
You are not wrong, who deem
That my days have been a dream;
Yet if hope has flown away
In a night, or in a day,
In a vision, or in none,
Is it therefore the less gone?
All that we see or seem
Is but a dream within a dream.

I stand amid the roar
Of a surf-tormented shore,
And I hold within my hand
Grains of the golden sand –
How few! yet how they creep
Through my fingers to the deep,
While I weep – while I weep!
O God! can I not grasp
Them with a tighter clasp?
O God! can I not save
One from the pitiless wave?
Is all that we see or seem
But a dream within a dream?



segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Tradução - Poema de W. B. Yeats

When you are old
W. B. Yeats

When you are old and grey and full of sleep,
And nodding by the fire, take down this book,
And slowly read, and dream of the soft look
Your eyes had once, and of their shadows deep;

How many loved your moments of glad grace,
And loved your beauty with love false or true,
But one man loved the pilgrim soul in you,
And loved the sorrows of your changing face;

And bending down beside the glowing bars,
Murmur, a little sadly, how Love fled
And paced upon the mountains overhead
And hid his face amid a crowd of stars.



Quando velha
Tradução: Rodrigo Suzuki Cintra

Quando velha e grisalha e cheia de sono,
E cochilando ao fogo, resolver esse livro pegar,
Lendo-o lentamente, sonhando com o doce olhar
Que costumavas ter, com suas sombras de abandono;

Quantos amaram teus momentos de imensa graça,
E amaram, de verdade ou não, tua beleza,
Mas apenas um homem amou tua tristeza,
E amou os sofrimentos de tua face em mudança;

E ao dobrar-te sobre as brasas para vê-las,
Murmurar, quase infeliz, como voou o amor radiante,
Passou por cima das montanhas logo adiante,
E escondeu sua face ao meio de um milhão de estrelas.


domingo, 30 de agosto de 2015

Tradução: Poema de e. e. cummings


“i like my body when it is with your”

                                               e. e. cummings


i like my body when it is with your

body.      It is so quite new a thing.

muscles better and nerves more.

i like your body.     i like what it does,

i like its hows.       i like to fell the spine

of your body and its bones,and the trembling

-firm-smooth ness and which I will

again and again and again

kiss,      i like kissing this and that of you

i like,slowly stroking the,shocking fuzz

of your electric fur,and what-is-it comes

over parting flesh….And eyes big love-crumbs,
 


and possibly I like the thrill


 

of under me you so quite new

 

***

 

“eu gosto de meu corpo quando está com o teu”

                                               Tradução: Rodrigo Suzuki Cintra

 

eu gosto de meu corpo quando está com o teu

corpo.        É uma coisa tão verdadeiramente nova.

músculos melhores e nervos a mais.

eu gosto do teu corpo.       eu gosto do que ele faz,

eu gosto de teus comos.       eu gosto de sentir a espinha

de teu corpo e os ossos,e o tremer

-firme-macio samente e que eu vou

de novo de novo de novo

beijar,       eu gosto de beijar isso ou aquilo em você

eu gosto,vagarosamente de tocar o,choque dos pêlos

de tua pele elétrica,e o-que-vem

sobre a carne aberta....E olhos migalhas-de-amor,

 

e possivelmente eu gosto do tremor

 

de você sob mim tão novo sabor  



 

sábado, 6 de junho de 2015

Tradução: Dois Poemas de Hemingway


Portrait of a Lady
                   Ernest Hemingway

Now we will say it with a small poem. A poem that will not be good. A poem that will be easy to laugh away and will not mean anything. A mean poem. A poem written by a man with a grudge. A poem written by a boy who is envious. A poem written by someone who used to come to dinner. Not a nice poem. A poem that does not mention the Sitwells. A poem that has never been in England. A small poem to hurt ones feelings. A poem in which there are no crows. A poem in which nobody dies. A small poem that does not say it about love. A poem written by someone who does not know any better. A poem that is envious. A poem that is cheap. A poem that is not worth writing. A poem that why are such poems written. A poem that is it a poem. A poem that we had better write. A poem that could be better written. A poem. A poem that states something that everybody knows. A poem that states something that people have not thought of. An insignificant poem. A poem or not.
                            Gertrude Stein was never crazy
                            Gertrude Stein was very lazy.
Now that is all over perhaps it made a great difference if it was something that you cared about.

Retrato de uma Senhora
                   Tradução: Rodrigo Suzuki Cintra

Agora nós vamos dizê-lo com um pequeno poema. Um poema que não vai ser bom. Um poema que será muito fácil de rir e que não vai significar nada. Um poema desprezível. Um poema escrito por um homem com rancor. Um poema escrito por um garoto que é invejoso. Um poema escrito por alguém que costumava vir para o jantar. Não um poema agradável. Um poema que não menciona os Sitwells. Um poema que nunca esteve na Inglaterra. Um pequeno poema para magoar. Um poema em que não há corvos. Um poema em que ninguém morre. Um pequeno poema que não se refere ao amor. Um poema escrito por alguém que não sabe ao certo. Um poema que é invejoso. Um poema que é barato. Um poema que não vale a pena escrever. Um poema porque esses tipos de poemas são escritos. Um poema que é um poema. Um poema que era melhor escrever. Um poema que poderia ser melhor escrito. Um poema. Um poema que declara alguma coisa que todo mundo sabe. Um poema que declara alguma coisa que as pessoas não haviam pensado. Um poema insignificante. Um poema ou não.
                            Gertrude Stein nunca foi demente
                            Gertrude Stein era muito indolente.
Agora que tudo acabou talvez fizesse uma grande diferença se isso fosse alguma coisa que você se importasse.


***


[If my Valentine you won’t be...]
Ernest Hemingway

If my Valentine you won’t be,
I’ll hang myself on your Christmas tree.


[Se minha Namorada você não quiser se tornar...]
                            Tradução: Rodrigo Suzuki Cintra

Se minha Namorada você não quiser se tornar,
Na sua árvore de Natal, eu vou me enforcar.


domingo, 4 de agosto de 2013

Tradução - Poema de William Blake


O Tygre
         Tradução: Rodrigo Suzuki Cintra


Tygre! Tygre! brilho queimando
Nas florestas da noite adentrando,
Que mão ou olho imortal poderia
Moldar tua temível symetrya?

Em que abismos ou céus distantes
Ardiam o fogo de teus olhos flamantes?
Em que asas ousou ele voar?
Que mão ousou o fogo atear?

E que ombros, & que arte,
Poderia um coração como o teu moldar-te?
E quando começou a bater teu coração,
Que terrível pé? & que terrível mão?

Que martelo? Que corrente?
Qual fornalha fundiu tua mente?
Em que bigorna? Que pegada do horror
Ousou agarrar mortalmente tua sanha de terror?

Quando as estrelas jogaram suas lanças fora,
E inundaram o céu com lágrimas de quem chora,
Será que ele sorriu ao que inventou?
Será que aquele que criou o Cordeiro também te criou?

Tygre! Tygre! brilho queimando
Nas florestas da noite adentrando,
Que mão ou olho imortal ousaria
Moldar tua temível symetrya?


The Tyger   
         William Blake

Tyger! Tyger! burning bright
In the forests of the night,
What immortal hand or eye
Could frame thy fearful symmetry?

In what distant deeps or skies
Burnt the fire of thine eyes?
On what wings dare he aspire?
What the hand dare sieze the fire?

And what shoulder, &what art,
Could twist the sinews of thy heart?
And when thy heart began to beat,
What dread hand? & what dread feet?

What the hammer? what the chain?
In what furnace was thy brain?
What the anvil? what dread grasp
Dare its deadly terrors clasp?

When the stars threw down their spears,
And water’d heaven with their tears,
Did he smile his work to see?
Did he who made the Lamb make thee?

Tyger! Tyger! burning bright
In the forests of the night,
What immortal hand or eye

Dare frame thy fearful symmetry?  

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Tradução - Poema de T. S. Eliot


O Nome dos Gatos
                   Tradução: Rodrigo Suzuki Cintra

Dar nome aos gatos é assunto complicado,
   Não é apenas um jogo que divirta adolescentes;
Podem pensar, à primeira vista, que sou doido desvairado
Quando eu digo, um gato deve ter TRÊS NOMES DIFERENTES.
Primeiro, temos o nome que a família usa diariamente,
   Como Pedro, Augusto, Alonso ou Zé Maria,
Como Vitor ou Jonas, Jorge ou Gui Clemente –
   Todos nomes sensíveis para o dia-a-dia.
Há nomes mais requintados se pensam que podem soar melhor,
   Alguns para os cavalheiros, outros para titia:
Como Platão, Demetrius, Electra ou Eleonor –
   Mas todos eles são sensíveis nomes de todo dia.
Mas eu digo, um gato precisa ter um nome que é particular,
   Um nome que lhe é peculiar, e que muito o dignifica,
De outro modo, como poderia manter sua cauda perpendicular,
   Ou espreguiçar os bigodes, orgulhar-se de sua estica?
Dos nomes deste tipo, posso oferecer um quórum,
   Como Munkustrap, Quaxo, ou Coricopato,
Como Bombalurina, ou mesmo Jellylorum –
   Nomes que nunca pertencem a mais de um gato.
Mas, acima e para além, ainda existe um nome a suprir,
   E este é o nome que você jamais cogitaria;
O nome que nenhuma investigação humana pode descobrir –
   Mas O GATO E SOMENTE ELE SABE, e nunca o confessaria.
Se um gato for surpreendido com um olhar de meditação,
   A razão, eu lhe digo, é sempre a mesma que o consome:
Sua mente está engajada em uma rápida contemplação
   De lembrar, de lembrar, de lembrar qual é o seu nome:
       Seu inefável afável
       Inefavefável
Oculto, inescrutável e singular Nome.


The Naming of Cats
                   T. S. Eliot

The Naming of Cats is a difficult matter,
    It isn’t just one of your holiday games;
You may think at first I’m as mad as a hatter
When I tell you, a cat must have THREE DIFFERENT NAMES.
First of all, there’s the name that the family use daily,
   Such as Peter, Augustus, Alonzo or James, 
Such as Victor or Jonathan, George or Bill Bailey –
    All of them sensible everyday names.
There are fancier names if you think they sound sweeter,
   Some for the gentlemen, some for the dames:
Such as Plato, Admetus, Electra, Demeter –
   But all of them sensible everyday names.
But I tell you, a cat needs a name that’s particular,
   A name that’s peculiar, and more dignified,
Else how can he keep up his tail perpendicular,
   Or spread out his whiskers, or cherish his pride?
Of names of this kind, I can give you a quorum,
   Such as Munkustrap, Quaxo, or Coricopat,
Such as Bombalurina, or else Jellylorum –
   Names that never belong to more than one cat.
But above and beyond there’s still one name left over,
   And that is the name that you never will guess;
The name that no human research can discover –
   But THE CAT HIMSELF KNOWS, and will never confess.
When you notice a cat in profound meditation,
   The reason, I tell you, is always the same:
His mind is engaged in a rapt contemplation
   Of the thought, of the thought, of the thought of his name:
      His ineffable effable
      Effanineffable
Deep and inscrutable singular Name.



segunda-feira, 21 de maio de 2012

Tradução - Poema de W. H. Auden


Funeral Blues

         W. H. Auden



Stop all the clocks, cut off the telefone,

Prevent the dog from barking with a juicy bone,

Silence the pianos and with muffled drum

Bring out the coffin, let the mourners come.



Let aeroplanes circle moaning overhead

Scribbling on the sky the message He is Dead,

Put crêpe bows round the white necks of the public doves,

Let the traffic policemen wear black cotton gloves.



He was my North, my South, my East and West,

My working week and my Sunday rest,

My noon, my midnight, my talk, my song;

I thought that love would last for ever: I was wrong.



The stars are not wanted now: put out every one;

Pack up the moon and dismantle the sun;

Pour away the ocean and sweep up the wood;

For nothing now can ever come to any good.



Blues Fúnebres

         Tradução: Rodrigo Suzuki Cintra



Parem todos os relógios, calem o telefone,

Impeçam o latido do cão com um osso para a fome,

Silenciem os pianos e com tambores chamem

A vinda do caixão, deixem que os desconsolados clamem.



Que aviões circulem no alto, um voo torto,

Rabiscando no céu a mensagem: ele está morto.

Que se coloque nos brancos pescoços de pombas coleiras pretas,

E os guardas de trânsito usem luvas de algodão negras.



Ele era meu Norte, meu Sul, meu Leste e Oeste,

Minha semana de trabalho, um domingo campestre,

Meu meio-dia, meia-noite, minha fala, minha canção;

Eu pensava que o amor duraria para sempre: Eu não tinha razão.



Não me importam mais as estrelas; tirem-as da minha frente,

Empacotem a lua, desmantelem o sol quente,

Despejem o oceano, tirem as florestas de perto:

Pois agora nada mais pode vir a dar certo.