sexta-feira, 1 de junho de 2012

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Tradução - Poema de W. H. Auden


Funeral Blues

         W. H. Auden



Stop all the clocks, cut off the telefone,

Prevent the dog from barking with a juicy bone,

Silence the pianos and with muffled drum

Bring out the coffin, let the mourners come.



Let aeroplanes circle moaning overhead

Scribbling on the sky the message He is Dead,

Put crêpe bows round the white necks of the public doves,

Let the traffic policemen wear black cotton gloves.



He was my North, my South, my East and West,

My working week and my Sunday rest,

My noon, my midnight, my talk, my song;

I thought that love would last for ever: I was wrong.



The stars are not wanted now: put out every one;

Pack up the moon and dismantle the sun;

Pour away the ocean and sweep up the wood;

For nothing now can ever come to any good.



Blues Fúnebres

         Tradução: Rodrigo Suzuki Cintra



Parem todos os relógios, calem o telefone,

Impeçam o latido do cão com um osso para a fome,

Silenciem os pianos e com tambores chamem

A vinda do caixão, deixem que os desconsolados clamem.



Que aviões circulem no alto, um voo torto,

Rabiscando no céu a mensagem: ele está morto.

Que se coloque nos brancos pescoços de pombas coleiras pretas,

E os guardas de trânsito usem luvas de algodão negras.



Ele era meu Norte, meu Sul, meu Leste e Oeste,

Minha semana de trabalho, um domingo campestre,

Meu meio-dia, meia-noite, minha fala, minha canção;

Eu pensava que o amor duraria para sempre: Eu não tinha razão.



Não me importam mais as estrelas; tirem-as da minha frente,

Empacotem a lua, desmantelem o sol quente,

Despejem o oceano, tirem as florestas de perto:

Pois agora nada mais pode vir a dar certo.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Radiohead vs. Dave Brubeck: Genial!

Citação do mês - Mai/2012

"Voltando ao começo de tudo que converso -
Desejos e fatos correm em sentido inverso.
Por isso nossos planos nunca atingem a meta,
O pensamento é nosso, não o que projeta."
                                   Hamlet de Shakespeare

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Tradução - Soneto de Shakespeare

Soneto 138 de Shakespeare


When my love swears that she is made of truth,

I do believe her, thought I know she lies,

That she might think me some untutored youth

Unlearned in the world’s false subtleties.

Thus vainly thinking that she thinks me young,

Although she knows my days are past the best,

Simply I credit her false-speaking tongue;

On both sides thus is simple truth suppressed.

But wherefore says she not she is unjust?

And wherefore say not I that I am old?

O love’s best habit is in seeming trust,

And age in love loves not t’ have years told:

Therefore I lie with her, and she with me,

And in our faults by lies we flattered be. 


Soneto 138 de Shakespeare (tradução livre)

                                     Tradução: Rodrigo Suzuki Cintra



Quando meu amor jura que é feita de verdade,

Eu acredito nela, apesar de saber que é mentira,

Ela deve pensar que sou qualquer moço sem idade

Que não conhece de fato como o mundo gira.

Assim, inutilmente acreditando que ela me acha jovem,

Apesar de saber que meus melhores dias já não voltam mais,

Simplesmente eu acredito em suas palavras que me comovem,

Na medida em que a verdade não nos satisfaz.

Mas por que ela não admite ser desonesta?

E por que não admito ser um homem idoso?

O melhor do amor é ser hábito que ninguém protesta,

Pois mentir no amor é sempre mais gostoso:

Nos deitamos em nossas mentiras, eu com ela e ela comigo

E na mentira do amor nós encontramos abrigo.

terça-feira, 27 de março de 2012

Citação do mês - Mar/2012

"Meu conceito próprio de humor é... a súbita discrepância que discernimos no que parece ser um comportamento normal. Em outras palavras, através do humor nós vemos naquilo que parece racional, o irracional; no que parece importante, o insignificante. [...] Ele ativa o nosso senso de proporção e revela para nós que no exagero de seriedade esconde-se o absurdo." - Charles Chaplin

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Pinheirinho - entre o Direito e a Política

Duas questões jurídicas e políticas essenciais incomodam no que diz respeito à desocupação do terreno do Pinheirinho, em São José dos Campos.


A primeira diz respeito ao conceito de técnica jurídica, a segunda, ao Estado de Direito.


Alguns juristas têm apontado que a decisão jurídica que autorizou a saída forçada das famílias da região, por meio de força policial, é tecnicamente irrepreensível. É preciso, então, retomar o que se entende por técnica jurídica e perguntar, até mesmo, no limite, qual é a finalidade última do Direito.


Se por técnica jurídica se compreender uma leitura infraconstitucional, meramente civilista, desconectada de uma concepção constitucional e humana de Direito, talvez a decisão seja realmente acertada. Ocorre que a correta técnica jurídica não consiste em simplesmente aplicar normas jurídicas, como por exemplo, a que diz respeito ao direito de propriedade, de maneira descontextualizada como se o direito fosse um mero jogo de encaixar, ou seja, aplica-se a norma fria, sem se preocupar com as consequências sociais e também sem se compreender o direito como um sistema de normas e não como uma mera soma de dispositivos normativos. Não se pode interpretar o direito de maneira fragmentária, interpretando partes dos códigos como se fossem o todo, ao sabor de interesses políticos altamente questionáveis.


Assim, mesmo o direito de propriedade, pedra angular de todo o sistema jurídico capitalista moderno, deve obedecer uma lógica interna dentro do sistema jurídico que estabelece, entre outras disposições, a lógica de sua função social. Além disso, é preciso atentar para o fato de que uma decisão jurídica não é uma mera assinatura em um pedaço de papel. Ela tem impacto social e significa, verdadeiramente, uma mudança na vida de pessoas de carne e osso. Assim, a chamada técnica jurídica não pode estar, de forma alguma, desconectada das consequências sociais da decisão. Não é uma correta técnica jurídica, então, simplesmente aplicar uma norma se esquecendo dos resultados que possivelmente decorrerão da decisão. O Direito deve servir as pessoas, não as pessoas devem servir ao Direito.


Qualquer interpretação jurídica que não se guie pela dignidade da pessoa humana, pelo valor do indivíduo socialmente pensado, não pode ser correta do ponto de vista técnico. É sintoma de nossos tempos acreditar que é tecnicamente correta a decisão que promova desabrigar nove mil pessoas para possibilitar um suposto direito de propriedade de alguns. A questão é que 180 milhões de reais parecem valer mais que a dignidade de abrigo destas pessoas. Simples assim.


Aos juristas que, então, elogiam ou se contentam com esta técnica jurídica específica, é bom dar um recado: não existe técnica sem ideologia.


No que diz respeito ao Estado de Direito, conceito que serve aos mais variados propósitos, a questão não é menos desconcertante. Algumas pessoas acreditam, infelizmente, que se uma decisão não for cumprida, custe o que custar, o Estado e suas estruturas não estarão seguros. A segurança jurídica, para alguns, é valor dos mais caros. Isto também é sintoma de nossos tempos. Voltar ao mote: “ordens são ordens”.


O que se deve questionar, na verdade, é outra coisa.


Qual o valor real que devemos perseguir quando falamos em Estado de Direito?


Trata-se de um conceito que aponta para a segurança das instituições socialmente estabelecidas e, assim, deve ser preservado via força policial ou para os direitos das pessoas a terem uma vida digna? Não pode existir um Estado de Direito que desrespeite a dignidade da pessoa humana. Quando o governo estadual decide, via força policial, retirar as pessoas de suas casas para fazer cumprir uma ordem judicial nós não estamos diante de um problema que simplesmente possa ser resumido como “cumprir a lei”. Isto porque, na verdade, cumprir a lei, neste caso, parece ser exatamente o contrário: não retirar as pessoas de suas casas, não permitir que a especulação imobiliária seja maior que a vida.


A verdadeira segurança jurídica é a que promove direitos, não a que possibilita privilégios.


Tomando por base as recentes ações policiais que vemos na mídia, requisitadas pelo governo estadual sob a suposta alegação de “cumprimento da lei”, podemos dizer que, talvez, nós nunca estivemos tão inseguros. 


É preciso, a todo momento, lembrar que a segurança de alguns, possibilitada pela intocável política de preservação da propriedade privada significa, para todos os demais, a mais completa insegurança. As notícias de que as famílias que habitavam a região do Pinheirinho estão em situação degradante, completamente desamparadas pelo mesmo Estado que as desabrigou,  devem causar revolta em qualquer um que realmente acredite em um Estado de Direito.


No fundo, a insistência em retomar a ideia de técnica jurídica e a de Estado de Direito como conceitos que devem organizar a vida social tem uma função bastante clara, no que diz respeito ao incidente em Pinheirinho: legitimar a injustiça. E, assim, mais uma vez, o governo estadual nos obriga a repensar a questão que realmente importa no que diz respeito à relação entre política e direito: afinal, de que lado nós estamos?  

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O Juízo Político dos Jovens - Análise de um artigo de Hélio Schwartsman

Algumas das desqualificações das ações realizadas por jovens, como por exemplo a que podemos ler na coluna de Hélio Schwartsman do dia 09/11/2011 da Folha de S. Paulo, chegam a ultrapassar o limite da discordância política, salutar em uma democracia, e, através de argumentos pseudo-científicos caracterizar o jovem como inconsequente por definição biológica. De acordo com o autor, a neurociência explicaria a conduta desviante do jovem com base no que se convencionou chamar “assincronia do desenvolvimento cerebral”.

Tudo se passa, nesse caso, como se o jovem que tem atitudes contestadoras, não tivesse ainda completado o desenvolvimento do córtex pré-frontal, o que somente aconteceria lá pelos 25 anos de idade. Trocando em miúdos, o jovem é inconsequente porque não está formado biologicamente para tomar decisões e raciocinar, profundamente, sobre seus atos.

Não é de hoje que os argumentos que tentam desqualificar os jovens como interlocutores se apegam no quesito da faixa etária. A imagem do jovem ainda sem grandes responsabilidades, sem interesses legítimos em jogo, sem o encargo de uma família própria para cuidar, parece dominar o discurso dos conservadores que taxam como simples irreverência o que pode ser a mais pura e direta discordância política.

Não é preciso muito raciocínio, nem muita idade, para perceber que o argumento biológico aparece na ordem dos discursos contra os “jovens arruaceiros da USP” como forma de inviabilizar o caráter político por trás das demandas estudantis. A biologia e as demais ciências quando aplicadas a interpretar o mundo dos homens não são, e é bom que isso fique claro, neutras. A ciência como resposta para a compreensão das ações humanas pode ser usada de maneira ideológica tal qual qualquer outro panfleto partidário.

O problema é que ela se reveste de verdade incontestável, quando no fundo pode orientar o mais puro preconceito. Dizer, então, que os jovens da USP ainda não sabem direito o que querem é inviabilizar seu discurso como sendo apenas fogo de palha. Pois, como diz o autor, a “juventude é, afinal, um estado passageiro”. O jovem, assim, pode ser plenamente despolitizado pelo pensamento reacionário e seu ponto de vista caracterizado como mera “falta de juízo”.

A tentativa de explicação biológica para uma questão de caráter político-social é uma estratégia antiga para destilar preconceitos e visões de mundo claramente conservadoras. Sob o escudo da ciência, que aparentemente seria imparcial, não foram poucos os que enxergaram no jovem uma maior propensão para o crime, uma tendência para a revolta, uma impulsividade agressiva, ou seja, uma certa conduta refratária às instituições e crenças dos círculos bem-pensantes. Estes últimos, inequivocamente, compostos por homens de família, pagadores de impostos e responsáveis politicamente.

Não me parece, no entanto, que a indignação, a propensão para o crime ou o discurso leviano sejam atributos exclusivos dos jovens, ou que, pelo menos, tenham maior incidência nesta faixa etária. Tem muita gente que passou dos 25 anos e continua não entendendo nada de política, comete crimes e escreve coisas altamente questionáveis.

A idade não é um bom termômetro para avaliar a capacidade de indignação do cidadão politizado, pois, com a mesma frequência que vemos jovens contestadores, também vemos adultos combativos para quem a chama da justiça ainda não se apagou. Acredito, sinceramente, que a atitude crítica não tem idade, nem geração.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

SEMINÁRIOS ZAGAIA - Labirintos e Trincheiras: onde a esquerda encontra a estética


Participe do Seminário Zagaia no Galpão do Folias!

Seminário: "Labirintos e trincheiras - onde a esquerda encontra a estética" começa semana que vem no Folias. Na primeira mesa o cartunista Laerte, a atriz Maria Alice Vergueiro e a professora Iná Camargo Costa discutirão o tema: O humor é de esquerda?
Dia 09/11, quarta-feira às 20h no Galpão do Folias (R. Ana Cintra, 213 - Santa Cecília). Entrada franca

 




domingo, 23 de outubro de 2011